Jericoacoara - da chuva ao sol
- por Fernanda Bertino
- 7 de abr. de 2016
- 8 min de leitura
E chegamos em Jeri!
Calma, não foi assim tão fácil, hehehe

Saímos de Lagoinha com o tempo ainda nubladinho e seguimos umas 3h pela CE-085 até avistarmos um monte de guias de turismo fazendo sinal para pararmos. Inicialmente eu nem entendi nada, pois não havia indicação nenhuma de que ali era Jijoca (onde todos que já foram para Jericoacoara nos contaram ser a porta de entrada, onde se pega a famosa jardineira).
O Nando parou e então avistamos uma plaquinha indicando que a estrada de terra à direita nos levaria até Jeri. Mas que estrada era essa? Como seria o percurso? Será que nos perderíamos?
Conversando com os guias que já se amontoaram em volta do carro, entendemos que esse caminho é uma opção para se chegar em Jericoacoara. Ele passa por Preá ao invés de passar por Jijoca.
Os guias explicaram que pegaríamos parte de estrada de terra, parte de paralelepípedo, parte de areia beirando o mar e parte de dunas e que, para mostrar o caminho todo, um guia iria de moto na frente. Isso custaria R$ 70,00, mas no final saiu por R$ 40,00.
Vou dizer que foi uma aventura, pois antes de chegar ali eu já tinha me imaginado indo de carro até Jijoca, deixando o carro num estacionamento e seguindo com poucas malas para Jeri de jardineira. Esses guias nos fizeram mudar completamente os planos: acabamos indo com o nosso carro, o Nando dirigindo, e paramos o carro já no estacionamento em Jericoacoara.
Mas foi uma sábia decisão, como estava um clima chove/para, tivemos a chance de ir até o carro por diversas vezes para pegar mais roupas e mais brinquedos para distrair a Filó. Sim, eu disse que "tivemos a chance de ir até o carro". Vou explicar. Em Jericoacoara não é permitida a circulação de automóveis. Quando o turista chega de carro tem que parar no estacionamento, fazer um cadastro, dirigir até a pousada para descarregar as malas e depois voltar lá no estacionamento e deixar o carro. O estacionamento é cercado, mas a céu aberto e custa R$ 10,00 por dia. Para ir do estacionamento para a pousada ou vice-versa há uma jardineira de graça que circula pelas ruas.
Durante as 6 noites que passamos em Jericoacoara nós visitamos:
- Litoral Oeste
- Delta do Guriú pra ver cavalo marinho
- Mangue Seco
- Lagoa da Torta
- Velha Tatajuba
- Litoral Leste
- Pedra furada
- Árvore da preguiça
- Lagoa Azul
- Lagoa do Paraíso
- Praia de Jerricoacoara
- Duna do por do sol
- Igrejinha de pedra
Os dois primeiros dias foram de chuva, então só saímos da pousada para comer mesmo. sorte a pousada ter um bom wifi que me permitiu assistir a última temporada de House of Cards, rs, e sorte também que o quarto era grande então Filó tinha espaço para correr, brincar de fazer comidinha com a mini cozinha dela, brincar de pintar, desenhar, pular da beliche, etc etc etc.
Dica de mãe: leve brinquedinho visando a chuva, pois com sol seu pimpolho vai se esbaldar nas praias, rios, lagoas e dunas. Exemplo de bons brinquedos: massinha, kit de desenho/pintura, boneca.
Nós ficamos na Pousada do Zé Patinha, um senhorzinho bem simpático que é conhecido por ter sido a primeira pessoa a receber turistas em sua própria casa até montar a pousada. Ela é simples, mas tem ótima localização e os quartos são bem grandes. Fora que é um ambiente bem familiar, o que nós gostamos bastante.
A gente chegou nessa pousada depois de percorrer umas 7 com o rapaz que veio de moto nos guiando. Todos as 7 tinham uma parte comum bem bonita, ajardinada, com decoração legal, mas, das sete, três estavam lotadas, duas tinham preços absurdos e as outras duas tinham quartos horríveis, desses com janelinha minúscula e cheiro de mofo, sabe? Então o rapaz nos levou lá no Zé Patinha e ficamos. Em termos de preço, todas eram mais caras que a do Zé Patinha.
Bem, quando nós já estávamos desistindo de conhecer Jericoacoara, eis que amanhece um dia de sol!!!! Coremos pra rua principal para fechar um passeio de bugre, mas tudo estava caro, tipo R$ 250,00 pra lado leste e R$ 350,00 para o lado oeste. Até que um guia falou que o Nando poderia ir dirigindo o próprio carro e cada passeio sairia por R$ 100,00. Amamos a ideia e seguimos assim: o Nando dirigindo, eu no banco carona, a Filó na cadeirinha e o guia espremidinho entre a Filó e o cofre.
Litoral Oeste
No dia 03/abr seguimos então para o Litoral Oeste. Saímos da Pousada umas 10h e fomos seguindo pelas Dunas incríveis até a primeira parada: um passeio de canoa no Delta do Rio Guriu para avistar cavalos marinhos.
Foi R$ 10,00. A canoa vai adentrando um rio margeado de mangue enquanto o barqueiro vai mostrando os caranguejos vermelhos e os azuis, lindos andando no mangue. Mas um pouquinho pra dentro começam a aparecer os cavalos-marinhos, de pequenos a grandes. É bem bonitinho. O barqueiro pegou um num pote de vidro pra Filó poder observar melhor e logo devolveu pra água. Achei bem legal o passeio: barato, rápido e mostra exatamente aquilo que se propôs. Filó saiu de lá reconhecendo cavalos marinhos onde ela passava: pinturas na parede, artesanatos e etc. Isso que vale ainda mais!

Voltando ao carro a gente percorreu mais dunas até chegar num rio bem largo pra pegar uma balsa que atravessa os carros e cair de volta pra beira do mar e seguir por meio das raízes do mangue seco, uma aventura a parte e que eu nem esperava: o Nando tinha que seguir pelo caminho de areia menos molhada e ao mesmo tempo fugir de raízes aéreas e cotocos no chão. Sinistro, mas legal (depois que passa, rsrsrs).

Passado o Mangue Seco, seguimos para a Lagoa da Torta: uma lagoa enorme e linda que tem aquelas redes dentro da água e tem toda a estrutura de restaurantes. Almoçamos lá e curtimos bastante aquela água maravilhosa.

Atenção: têm diversos restaurantes na Lagoa da Torta, todos simples, mas preços variados. Para vocês terem uma ideia, um deles queria cobrar R$ 30,00 numa porção de batata frita! Ficamos em um outro que o almoço inteiro com peixe delicioso, salada, arroz, feijão, macaxeira e bebidas não chegou a R$ 60,00. Enfim, pergunte os preços antes de sentar!
Depois da Lagoa, pegamos o carro e fomos conhecer Velha Tatajuba, que é uma vila que foi soterrada pelas dunas de areia! Pra dizer a verdade, não há muita emoção lá não, pois está tudo soterrado mesmo. Não há uma metade de igreja ou coisa assim pra gente vê, rs. Mas como faz parte do passeio, a gente foi conferir. Lá, você toma uma água de coco e bate um papo com a senhora que foi a última a sair de casa quando aconteceu tudo. Ela conta a história de como a areia foi chegando e tal, nada demais. Bem, tem um periquitinho fofo lá que a Filó amou e eles também têm um porco, rs

Seguimos então o caminho de volta pelo mangue, balsa, dunas.... Tudo um pouco mais tenso, pois a maré estava meio alta e a parte do mangue estava bem mais complicada de passar, mas deu tudo certo.
Dicas gerais: A balsa cobrou R$ 30,00 para tudo (ida e volta), embora o preço tabelado seja R$ 40,00. Negocie. Pague na volta.
Nas dunas, há opções de skybunda que parecem bem emocionantes, mas como cai na areia ao invés de cair numa lagoa, não tivemos vontade de fazer.
Filó tirou tudo de letra! Claro que o Nando tentava ir bem devagar pra ela não sacudir muito e claro também que não enchíamos a barriga dela logo antes de entrarmos no carro, rs.
Dica de mãe: As dicas permanecem as mesmas de sempre: filtro solar, blusa UV, chapéu, bastante líquido e um brinquedo (baldinho, boia...).
Chegamos de volta a Jericoacoara bem na hora do por do sol, mas dessa vez nem subimos a famosa duna, pois estava lotada. Apreciamos um belo por do sol na areia mesmo. é um clima bem gostoso, cavalos correndo a beira-mar, crianças brincando, e logo depois começou uma roda de capoeira incrível.
Aí foi jantar e desmaiar!
Litoral Leste
No dia 03/abr fomos passear pra lado leste. Marcamos com o guia as 9h na pousada e partimos.
O lado leste tem menos dunas e não são grandonas como as do lado oeste. Primeiro nós fomos de carro até o ponto que mais se aproxima da Pedra Furada, descemos do carro e andamos uns 10 min sofridos embaixo de sol muito forte. A paisagem é linda, você vai andando pela areia, pedras e conchinhas beirando o mar, só não tem nenhuma sombra =)
Chegando na pedra furada minha dica é sentar bem embaixo dela pra ficar numa sombrinha gostosa e sentir um ventinho bom que vem do mar. Só depois que você estiver mais fresquinho é que você vai conseguir apreciar a beleza da formação rochosa. Achei na verdade a parte de dentro (da pedra mesmo) mais bonita do que olhá-la de longe. De qualquer forma, olhei tudo e tirei algumas fotos pra nunca mais precisar voltar lá, rs. Sério, é um desgaste que não sei se valeria repetir. O Nando classificou a visita como "a grande furada da viagem", rs

Depois voltamos pela areia até o carro e seguimos até chegarmos na Árvore da Preguiça: uma árvore que cresceu pro lado. É bem bonita, mas é mesmo só tirar foto e continuar.

Fomos por dentro de Preá numa estradinha de terra até chegarmos na Lagoa Azul. Bem, depois de termos passado uma tarde na Lagoa da Torta, a Lagoa Azul não teve graça, tava quase sem água e a água que tinha estava turva por conta das chuvas e nem tinha as redes. Enfim, foi descer do carro, tirar foto e seguir.

Eis que chega o ponto alto do passeio: a Lagoa do Paraíso!
Todo mundo já tinha me indicado essa Lagoa, mas juro que como já tinha ido numa muito boa e noutra muito ruim, fiquei meio sem expectativas. Mas essa é realmente especial.
Primeiro o guia nos levou num super restaurante que fica de cara pra Lagoa e tem aquelas espreguiçadeiras, música suave ao fundo, redes coloridas dentro d`água... Mas foi só pra ver mesmo, pois pra sentar nas espreguiçadeiras custava R$ 50,00! Isso mesmo, R$ 50,00 na baixa temporada e R$ 100,00 na alta. Muita loucura, né? E tava cheio, acreditem!

Seguimos uns 20 metros pra frente e ficamos em um outro restaurante que também tinha redes e espreguiçadeiras, mesinhas e cadeiras dentro d`água, mas você só precisava consumir para usá-los. Encomendamos o almoço para determinada hora e fomos aproveitar o paraíso.
LIndo, lindo, lindo!

Água límpida, rasinha na beirada, mas com uma profundidade boa mais pro meio se você quiser nadar. Fora os magníficos bancos de madeira que eles instalaram lá no meião da Lagoa. Cada visual incrível. Valeu muito a pena.

Voltamos pra Jeri já passavam das 16h, tomamos banho e fomos curtir a night, rsrsrs
Night pra gente quer dizer uma janta gostosa, uma passeio na pracinha, um sorvetinho e cama!
Comidas, vamos falar de comida vegana?
Em Jeri o veganismo é bem mais desenvolvido. Vários restaurantes possuem pelo menos um prato vegano. Pra almoço descobrimos um restaurante bem gostoso que cobrava R$ 18,00 o prato e era bem servido. Ali comemos massa ao pesto vegano, feijoada vegana, ratatoulles e outras coisas que nem me recordo. No entanto, eles não são veganos a noite. O nome do restaurante eu não sei, não tem letreiro, mas é um bem pequenininho numa esquina há dois comércios depois da padaria Jeripan. De janta então comemos árabe no Káfila, pizza vegana no Al Volo, sanduiches gourmets no Laurus (desses que você escolhe seus ingredientes, sopas veganas) e etc.
De sobremesa da janta acabamos caindo na tentação de um sorvete vegano maravilhoso que só tem filiais em Jeri (2) e no Piauí (1). Muitos sabores veganos e maravilhosos. Tem também sabores com leite, igualmente gostosos, provei de todos os tipo e deu vontade de levar uma franquia pro Rio de Janeiro, mas a atendente disse que o dono não tem intenção de crescer muito, pois é tudo bem artesanal. O nome? Gelato & Grano sorveteria, tem uma enorme na praça e outra menor já quase chegando na praia, perto das barraquinhas de bebidas.
Dica para veganos: jogamos no google "restaurante vegano em jericoacoara" e veio uma lista de opções, mas na verdade somente dois deles tinham opções veganas. A maioria era restaurante comum com uma opção vegetariana e mais nada. Em uma hamburgueria que anuncia que tem prato vegano, o pão leva leite!!!! Enfim, perguntei três mil vezes antes de comerem.
Os outros dias nós passamos em Jeri mesmo, andando pelas ruas de areia, curtindo o visual da praia, subindo e descendo a Duna do Por do Sol, fui até a igrejinha de pedra (linda!). Jeri é um lugar bem agradável, com chuva ou com sol e não dá muita vontade de ir embora. Mas, vamos seguir estrada.
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